Oh, misterioso cosmo de vastidão insondável, onde os tecidos inextricáveis da Criação são urdidos por mãos invisíveis e caprichosas! Na escuridão vasta e ignota dos céus eternos, onde as constelações cintilam como sussurros esquecidos, jaz o segredo da Forma — um segredo que se revela apenas aos olhos que ousam transpassar o véu da percepção ordinária.
Que seja, pois, a espiral áurea, símbolo essencial da harmonia cósmica, a equação que rege a sinfonia do universo! Não mais que um simples rastro, um vulto de perfeição escondida no seio do próprio infinito, sua curvatura desliza, lenta e sedutora, do macro ao microcosmo, unindo o vil homem ao sagrado divino, o tudo e o nada, no imo do SER. Qual de nós, frívolos observadores de tal dança, poderia compreender o sentido deste espelho fractal, onde a soma de todas as somas reduz-se ao vazio? Ah, mas que vazio é este, tão pleno de si, tão repleto de tudo que pode ser e não ser? Olha! O olho que não vê, diante do espelho, a imagem em reflexão — imagem e semelhança, verdadeiro ícone de Deus.
Fibonacci, teu nome carrega um poder ancestral, um encanto que alça as estrelas às alturas do insondável, e desce, qual nevoeiro errante, ao mais ínfimo dos átomos. O decaimento da tua sequência, onde cada número cede ao anterior, gera o tecido vibrante da Criação, onde cada linha é um traço etéreo no mapa da Eternidade. Eis que surge a Proporção Áurea, φ, em todo seu esplendor matizado — aquele enigma que equilibra a beleza e o caos na exata medida, qual balança pendular que nunca se aquieta, não obstante os abalos de todo o existente, toda a história, todo o holos paradoxal: o nada e o tudo de mãos dadas, deslizando pelo negrume do espaço profundo. Reflita e verás.
Todavia, não basta contemplar o esplendor destas fórmulas — pois nelas se oculta o abismo de Planck, onde o próprio tempo curva-se e o espaço dobra-se em reverência. A energia contida na mais minúscula porção do ser não é senão um grito primordial, um lamento da aurora dos tempos, quando a ordem e o caos travaram seu duelo incessante. Um número dividido pelo nada — ah, que divagação mais irônica! — como se o próprio nada pudesse albergar tal insolência. Mas, acaso, não é essa a função última do vazio? Ser o receptáculo de todas as impossibilidades, ser o ventre negro de onde brota a luz?
Dividir o Uno pelo Nada… que parábola, singular ponto que contradiz e cruza, ao mesmo tempo, o tempo e o espaço, transcendendo-os! Essa cruz, fincada no tecido do éter do vácuo quântico, tão profundo que o extravasa, como o prego no madeiro que dividiu a história. Como dividir aquilo que é, por aquilo que jamais poderá ser? Não, meu caro, esta operação é um sortilégio interdito, magia profunda, que nem pode ser chamada de magis — capaz de evocar demônios de lógica insuportável. Mas só Ele, o Logos, em Rhema de amor, em graça por nós, traspassou o tormento. Se Ele suportou os vasos de ira, que tu também suportes os seus, e os perdoe.
Contudo, há algo na suavidade de tal equação que soa como a harpa do destino: 1/0, uma fração hedionda, cujo resultado extrapola todas as formas, projetando-se ao infinito, dissolvendo-se como fumaça nos ares etéreos. Esse infinito é o redemoinho que tudo arrasta consigo — o Fractal inefável, o buraco negro no imo da galáxia, no qual cada partícula de poeira, cada fragmento de carne e osso, guarda dentro de si o eco longínquo de um universo em miniatura.
E ainda assim, para o Nada, o Um é um igigis imensurável. Pois, com todos os zeros contidos em seu seio, o Um nunca perde sua majestade, assim como o nada nunca abdica de sua inexistência. Que tormento, pois, há em conhecer-se eterno e indivisível? Que horrenda serenidade, a do Uno, que observa o Nada estender-se ao seu redor, incapaz de corroer-lhe a unidade! Assim o grande fractal do universo desdobra-se e redobra-se, suas espirais em permanente ascensão, sempre cingindo-se àquele padrão incognoscível — como se a cada volta estivesse mais próximo de se resolver, de se aniquilar na perfeição, como uma gota que retorna ao oceano no fim do Caminho, nos Mares da Eternidade.
Oh, silencioso observador, quantas mais dobras revelará o cosmos ao quebrarmos os limites de Planck? Quantas mais fendas se abrirão quando a matéria for diluída até sua essência última? Talvez, no próprio centro do fractal, no cerne da espiral de luz e escuridão, possamos contemplar o rosto da Criação — e, talvez, seja ele o reflexo inexorável de nossa própria perdição. Perdição e pecado, Ele se tornou, mas em graça ressurgiu. Falo de ciência, mas profetizo como quem vê em espelho opaco; cá deste lado do existir, na caverna, atrás de tudo, só há luz e escuridão.
Pois, na verdade, Eu Sou, Eu Sou… Um e Tudo… porém, Uno apenas pelo eco do Nada!
Deus existe, mas ninguém pode explicar Deus! Deus é para SER e não apenas entender.
O maior segredo do universo é aquele que não pode ser dito, mas vivido...
Venha comigo, eu te levo pelas mãos!
Que belo texto, complexo e profundo!
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