Atenção. Este texto foi baseado nos seguintes livros:
A Imaginação - Jean-Paul Sartre
A Transcendência do Ego - Jean-Paul Sartre
Do Big Bang ao universo eterno - Mario Novello
O que é cosmologia?: A revolução do pensamento cosmológico - Mario Novello
O cosmo de Einstein - Michio Kaku
Compre-os para ajudar o blog.
Desde já agradeço.
Nem a palavra nada é nada. Ora bolas, a palavra nada é uma palavra como qualquer outra.
Ao pensar-se
no “nada”, associamos à nossa mente a ausência de qualquer coisa que seja, o
vazio absoluto. O nada foi pensado como conceito pelos filósofos que
questionavam inclusive se "o nada existe?".
Ao definir o
nada como a ausência de qualquer coisa, então do próprio existir, Kant
apresentou a existência do nada como um "pseudoproblema", uma falsa
questão. Sartre vai tratar o nada em oposição ao ser, que é o existir de algo.
Heidegger,
cujo pensamento foi influenciado pelos místicos, trata em sua aula inaugural,
"Que é Metafísica?", que a pergunta fundamental da metafísica é
"por que existe o ser e não o nada?" (ou "por que existe afinal
ente e não antes nada?"), e esta pergunta, pelo cosmólogo brasileiro Mário
Novello, também é a pergunta fundamental da cosmologia, quando tenta tratar
como surgiu o universo, que seria o maior objeto que a ciência pode tratar.
Fisicamente
é preciso distinguir três coisas: o vácuo, o vazio e o nada.
O vácuo é um
espaço não preenchido por qualquer matéria, nem sólida, nem líquida, nem
gasosa, nem plasma, nem mesmo a matéria escura. Mas pode conter (isto é, se o
conceito de conter, puder ser aplicado aqui) campos: campo elétrico, campo
pseudo-magnético, campo gravitacional, luz, ondas de rádio, raios X, ou outros
tipos de radiação bem como outros campos e a denominada energia escura. Pode
também estar sendo atravessado pelas partículas não materiais mediadoras das
interações. O vácuo possui energia e suas flutuações quânticas podem dar origem
à produção de pares de partícula e anti-partícula.
O vazio
seria um espaço em que não houvesse sequer matéria, campos (não gravitacionais)
ou radiação. Mas no vazio haveria ainda o espaço, isto é, a capacidade de caber
algo, ainda que não houvesse nenhum objeto para preenchê-lo. Todo o espaço,
mesmo que não contenha matéria, é preenchido por campo gravitacional.
No nada não existe nem o espaço, isto é, não há coisa alguma nem um lugar vazio para caber algo. O conceito de nada inclui também a inexistência das leis físicas que alguma coisa existente obedeceria, dentre elas a conservação da energia, o aumento da entropia e a própria passagem do tempo. Sendo o espaço o conjunto dos lugares, isto é, das possibilidades de localização, sua inexistência implica a impossibilidade de conter qualquer coisa. Isto é, não se pode estar no nada. O nada é, pois, um não-lugar.
Em resumo. O espaço vazio não é nada. O espaço vazio é algo que pode conter alguma coisa. Nada não pode ser aplicado ao ser. Nada sempre não é, se for deixa de não ser nada.
O nada nunca não pode ser aplicado ao ser. Nada não é! E nem vir a ser.
Leia:
Espero que goste.
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