Sou professor com o maior orgulho, pois fazer uma pessoa
caminhar por novos horizontes, sem medo, e descobrir novos sentidos
para sua vida através do conhecimento é revigorante e único. Só quem é
professor sabe. O que me deixa triste é ver cada vez mais as pessoas me
perguntando “se só dou aulas”. Quando ouço esta aberração, fico quieto, pois sei que esta visão
limitada sobre a função de um professor é fruto de um processo
retrógrado e que atinge vorazmente o sistema educacional brasileiro. A
pergunta deveria ser invertida: “por qual motivo você compromete a
qualidade das suas aulas com outro trabalho?”. Infelizmente o Brasil
valoriza mais o produto do que o processo; o formado do que o formador; o
que você aprende do que a pessoa que te ensina. O ensino (em todos os níveis, seja público ou privado) atende
o mercado de trabalho ao invés de atender o pleno conhecimento. O
professor, pela visão do Estado (ou do dono da escola), deve ser o
responsável pela formação de profissionais e pela qualificação da
mão-de-obra. Cadê o professor que desperta o questionamento em seus
alunos, visando a construção de cidadãos de bem? Desta forma, como o produto final é o mais importante para
atender interesses pré-estabelecidos, o professor é desvalorizado, a
ponto de virar um “bico” e renda extra para muitos outros profissionais.
E assim, como todo mundo quer ganhar dinheiro, ser professor não é o
melhor caminho a seguir, por ser sinônimo de instabilidade e de salários
baixos. Não posso deixar de citar a cereja do bolo: as péssimas
condições de trabalho, com escolas públicas sucateadas, falta de
incentivos para continuar estudando e uma atmosfera que não propicia um
bom desenvolvimento do repasse de conhecimento. São tantos fatores que
conspiram contra o professor face a muitas promessas de melhorias… que
nenhuma delas será cumprida enquanto a escola atender apenas os anseios
do mercado de trabalho. Hoje me sinto muito feliz por ser professor e poder comemorar isto,
mas triste pelas condições que vários colegas Brasil afora enfrentam
todos os dias. Sou um privilegiado neste quesito, pois não enfrento
problemas semelhantes aos que seguidamente a imprensa noticia e alguns
colegas relatam, porém nunca abaixarei minha cabeça para o desdém dos
governos para com a educação brasileira. Ser professor é algo mais que
uma profissão, é um modo de enxergar a vida. O sorriso de um aluno por
atingir os seus objetivos e agradecer pelo ensinamento ameniza quaisquer
problemas enfrentados. É por isto que “só dou aulas”. Fazer o outro
feliz e torná-lo um cidadão melhor, através da sua capacidade de pensar,
é mais que o suficiente.
Ps: fica aqui a minha homenagem para todos os professores que tive em
minha vida. Sem eles, não conseguiria ser o cidadão questionador que
sou atualmente e nem ter a formação que possuo.
Autor: Um professor que só é um professor!
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