Escrevi este conto já faz algum tempo, baseie-me nas obras de Neil Richard Gaiman e em um sonho que tive. O conto não tem a pretensão de expor nenhuma verdade oculta do universo, apenas é uma obra simples com um toque poético a qual compartilho com vocês. Perceba que ela possui um toque da história arquetípica que estudamos, mas com a ingenuidade de uma criança em seu frescor pueril.
A origem dos
perpétuos
Como era linda, perfeita e esplendorosa. Carregada de
poesia. Foi assim que começou, com uma canção, tão bela que poderia aquecer o
mais gélido coração. E a vida começou não como uma explosão, mas ao contrario
com uma brisa suave e mansa desenhando uma tênue linha, na tela branca do vazio
enquanto dançava.
Para os olhos mais observadores veria que não era
apenas um filete, mas dois, a brisa e o vazio dançando e ululando um com o
outro produzindo um desenho, magnífico afinal, tênue no inicio, mas poético no
final.
Foi então que
os dois perceberam que havia mais entre eles e era a luz. Não essa luz que
brilha, mas a luz da consciência que ilumina o observador se enxergando a
partir deste momento. Foi então que os três se deram as mãos e se tornaram um...
Inteiro e completo. Este foi o primevo Aeion, a era do Ego, do Ser e da
Consciência.
Por uma eternidade O UNO viveu sozinho. Viveu e se
amou e como fruto deste amor, nasceu a primeira criatura, seu nome era SONHO.
Sonho era um menino e como qualquer menino, curioso e criativo, um verdadeiro
artista. Sonho começou a sonhar e em seu sonho desejou ter companhia, mas não
tinha ninguém, mas de esperto que era fez de seu desejo sua companhia, nascendo
assim DESEJO. Desejo era belo (ou bela, se preferir) capaz, de seduzir qualquer
homem ou mulher. Sonho ficou muito feliz, pois desejo era exatamente o que
queria.
Um dia andando pelo seu paraíso onírico viu outra bela
criatura. Ele não sabia que existia outra, pois sempre fora fiel a desejo. Curioso
chegou mais perto, logo viu que o ser era fugaz, desaparecendo ariscamente.
Sonho então contou para Desejo e achou que Sonho estava maluco. E disse assim
“Você esta delirando” não existe ninguém aqui senão apenas nós dois. Foi então
que Sonho discutiu ferozmente com Desejo e o deixou sozinho. Voltou ao lugar
onde tinha visto a criatura e lá chorou, ouvindo seu choro, com sua cabeleira
de fogo DELÍRIO surgiu da moitinha, enxugando as lagrimas de Sonho. Sonho feliz
ao ver que tinha razão levou a nova amiga para conhecer Desejo.
Desejo era
muito ciumento e quando viu Delírio ficou tão nervoso, disse que iria sumir e
nunca mais voltar, foi indo para o norte até chegar à floresta lacrimosa. Lá
ele Desejou muito fortemente que Delírio sumisse, mas ao invés disso acontecer,
uma menina de pele alva, mas alva que a neve, apareceu bem diante de seus olhos
e fez assim “BOO”. Desejo se assustou tanto que quase morreu. Perguntou para
menina “quem é você”, ela chegou bem perto e disse eu sou a MORTE, você me
desejou e eu vim. Desejo ia abraçar sua amiga quando percebeu que não podia,
pois seus braços transpassavam suavemente o corpo de Morte. Morte disse, não
faça isso, faz cócegas. Desejo foi andando pela floresta com Morte e onde
passavam as belas plantinhas iam morrendo. Naquele dia, pela primeira vez, fez
frio.
Delírio e Sonho sentiram o mortal frio e notaram que o
belo sol que os protegia estava sumindo atrás da montanha do amanhã, uma
escuridão tomou conta do lugar, era a primeira noite, com seu manto de trevas encobrindo
o paraíso. Muito assustados dormiram abraçadinhos protegendo um ao outro.
Enquanto isso, na floresta lacrimosa, Morte e Desejo
tramavam pela vida de Delírio. O ódio do
casal foi tão grande que fez surgir DESTRUIÇÃO, um homem alto segurando uma pesada
marreta nas mãos, ele chegou e se apresentou, dizendo “meu nome é Destruição
estou aqui para que sua vontade se cumpra em mim”.
No
amanhecer os três partem em direção ao jardim dos começos, onde está Delírio e
Sonho. Desejo desperta Sonho enquanto Morte e Destruição acabam com Delírio,
que em suas ultimas palavras promete voltar antes da viração do dia. Sonho ao
ver a amiguinha morta fica louco e em sua loucura nasce o pior dos pesadelos,
DESESPERO. Ela é horrivelmente gorda e nua, com o cabelo desgrenhado e portando
um anel com um gancho que usa para arrancar a própria pele. Desespero promete
ir ao lorde UNO, também conhecido como DESTINO resgatar Delírio das garras do
limbo. Foi assim que nasceram os perpétuos na aurora do tempo.
Rodrigo Lima
***
E aí, gostaram? Se sim comentem que me animo a dar continuidade a história!
Gostei deste texto, muiito legal, parabéns pela sua criatividade.
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