Deus criou porque não pensou somente em Si Mesmo, pois a criação é Deus pensando em outros; em todos os outros infinitamente possíveis...
Portanto, na criação temos múltiplas e infindas formas de expressão de Deus e de Sua Palavra/Verbo; visto que todas as coisas foram criadas pela Palavra de Deus; e, por tal razão expressam a Sua Palavra de modo pessoal e impessoal. Continue no Caminho...
Hoje em dia estou a ponto de quase duvidar da impessoalidade de qualquer coisa que seja criatura na criação.
Faço o Caminho nesse sentido inverso ao de Sidarta; pois se o seu Nirvana era o Mar da Impessoalidade, para mim é o oposto; pois, sendo Deus amor, suspeito que de um modo que para mim tem que se estabelecer como negação do meu pensar como absoluto de modo de pensar; fazendo o mesmo eu com o homem, como se o que é raciocínio para o homem seja a única forma de raciocinar — fico, portanto, aprisionado pela idéia de que tudo tem sua própria fala e modo de ser em e para Deus; e não apenas como existência que existe sem existir como ente existente.
Assim é que na Escritura todo ser que respira louva o Senhor, tanto quanto todos os astros dos céus, todas as criaturas, de todas as dimensões; de lesmas gosmentas a anjos ricos em força, poder e majestade.
A Escritura diz que se Deus pensasse só em Si Mesmo, toda a existência se dissolveria.
Assim, se há existência [...] é porque há Deus pensando em todas as criaturas de todos mundos conhecidos e desconhecidos, visíveis e invisíveis.
Por isto se diz que a Sua Palavra se faz ouvir em toda a Terra e que é também percebida nos confins do mundo; posto que dia, noite, fala, sonho; sol e lua, luz e trevas; ventos procelosos e cicios suaves; bem como monstros marinhos e abismos todos; e toda sorte de existência impensáveis e alienígenas, como seres de quatro faces e oito asas, com feições humanas e animais ao mesmo tempo, e que são acompanhados por rodas que giram em si mesmas, mas que obedecem a um comando de natureza espiritual [conforme Ezequiel];
...ou ainda, como se diz: com árvores aplaudindo, mares cantando, ribeiros louvando; com todos os pássaros em sinfonia; sim, com jumentos profetizando, pedras falando, e até homens e mulheres de vez em quando conseguindo expressar Deus, especialmente quando amam mais do que falam —; o fato é que Deus fala; e fala sempre; e nunca até hoje deixou de falar; de falar a todos os homens, em todos lugares; usando os meios e modos disponíveis; por vezes sonhos, outras vezes impressões, intuições; ou ainda mediante as estrelas e seus estranhos caminhos que um dia levaram três homens até a uma manjedoura onde Deus mais uma vez pensava apenas nos outros.
Sim, Deus fala!
Fala quando é gostoso, mas fala mais ainda quando é amargo; fala muito no nascimento, mas muito mais profundamente na morte; fala na conquista, mas incomparavelmente fala Ele nas derrotas e perdas.
Eu, no entanto, não tenho como não ouvir a Sua Voz em tudo.
Cada dia mais ouço Sua Palavra em tudo e todas as coisas.
Vejo Luz onde antes eu só via trevas; vejo Trevas onde antes eu só via luz; e vejo que para Ele as trevas e a luz são a mesma coisa!
Hoje ouço Sua voz na Desgraça como Graça e na Graça como Amor.
Sim; hoje sei que tudo existe Nele com propósito e com carga de louvor; e que tudo o que existe fala Dele; sim, até quando parece ser uma Calamidade.
Digo isto porque não há criação sem caos; e nem há caos sem a entrega de Deus como Cordeiro para propiciar todas as possibilidades de ser Nele e para Ele; ainda que para o sentir finito e moral como o meu, por vezes o que Deus chame de “minha vontade”, “ou de minha entrega”, eu perceba ou chame de caos e de morte.
Nele, em Quem tal mergulho somente me enche de alegria e vida.
- Caio Fábio
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