terça-feira, 11 de setembro de 2012

A origem dos perpétuos

Escrevi este conto já faz algum tempo, baseie-me nas obras de Neil Richard Gaiman e em um sonho que tive. O conto não tem a pretensão de expor nenhuma verdade oculta do universo, apenas é uma obra simples com um toque poético a qual compartilho com vocês. Perceba que ela possui um toque da história arquetípica que estudamos, mas com a ingenuidade de uma criança em seu frescor pueril.

A origem dos perpétuos

Como era linda, perfeita e esplendorosa. Carregada de poesia. Foi assim que começou, com uma canção, tão bela que poderia aquecer o mais gélido coração. E a vida começou não como uma explosão, mas ao contrario com uma brisa suave e mansa desenhando uma tênue linha, na tela branca do vazio enquanto dançava.
Para os olhos mais observadores veria que não era apenas um filete, mas dois, a brisa e o vazio dançando e ululando um com o outro produzindo um desenho, magnífico afinal, tênue no inicio, mas poético no final.
 Foi então que os dois perceberam que havia mais entre eles e era a luz. Não essa luz que brilha, mas a luz da consciência que ilumina o observador se enxergando a partir deste momento. Foi então que os três se deram as mãos e se tornaram um... Inteiro e completo. Este foi o primevo Aeion, a era do Ego, do Ser e da Consciência.
Por uma eternidade O UNO viveu sozinho. Viveu e se amou e como fruto deste amor, nasceu a primeira criatura, seu nome era SONHO. Sonho era um menino e como qualquer menino, curioso e criativo, um verdadeiro artista. Sonho começou a sonhar e em seu sonho desejou ter companhia, mas não tinha ninguém, mas de esperto que era fez de seu desejo sua companhia, nascendo assim DESEJO. Desejo era belo (ou bela, se preferir) capaz, de seduzir qualquer homem ou mulher. Sonho ficou muito feliz, pois desejo era exatamente o que queria.
Um dia andando pelo seu paraíso onírico viu outra bela criatura. Ele não sabia que existia outra, pois sempre fora fiel a desejo. Curioso chegou mais perto, logo viu que o ser era fugaz, desaparecendo ariscamente. Sonho então contou para Desejo e achou que Sonho estava maluco. E disse assim “Você esta delirando” não existe ninguém aqui senão apenas nós dois. Foi então que Sonho discutiu ferozmente com Desejo e o deixou sozinho. Voltou ao lugar onde tinha visto a criatura e lá chorou, ouvindo seu choro, com sua cabeleira de fogo DELÍRIO surgiu da moitinha, enxugando as lagrimas de Sonho. Sonho feliz ao ver que tinha razão levou a nova amiga para conhecer Desejo.
  Desejo era muito ciumento e quando viu Delírio ficou tão nervoso, disse que iria sumir e nunca mais voltar, foi indo para o norte até chegar à floresta lacrimosa. Lá ele Desejou muito fortemente que Delírio sumisse, mas ao invés disso acontecer, uma menina de pele alva, mas alva que a neve, apareceu bem diante de seus olhos e fez assim “BOO”. Desejo se assustou tanto que quase morreu. Perguntou para menina “quem é você”, ela chegou bem perto e disse eu sou a MORTE, você me desejou e eu vim. Desejo ia abraçar sua amiga quando percebeu que não podia, pois seus braços transpassavam suavemente o corpo de Morte. Morte disse, não faça isso, faz cócegas. Desejo foi andando pela floresta com Morte e onde passavam as belas plantinhas iam morrendo. Naquele dia, pela primeira vez, fez frio.
Delírio e Sonho sentiram o mortal frio e notaram que o belo sol que os protegia estava sumindo atrás da montanha do amanhã, uma escuridão tomou conta do lugar, era a primeira noite, com seu manto de trevas encobrindo o paraíso. Muito assustados dormiram abraçadinhos protegendo um ao outro.
Enquanto isso, na floresta lacrimosa, Morte e Desejo tramavam pela vida de Delírio.  O ódio do casal foi tão grande que fez surgir DESTRUIÇÃO, um homem alto segurando uma pesada marreta nas mãos, ele chegou e se apresentou, dizendo “meu nome é Destruição estou aqui para que sua vontade se cumpra em mim”.
            No amanhecer os três partem em direção ao jardim dos começos, onde está Delírio e Sonho. Desejo desperta Sonho enquanto Morte e Destruição acabam com Delírio, que em suas ultimas palavras promete voltar antes da viração do dia. Sonho ao ver a amiguinha morta fica louco e em sua loucura nasce o pior dos pesadelos, DESESPERO. Ela é horrivelmente gorda e nua, com o cabelo desgrenhado e portando um anel com um gancho que usa para arrancar a própria pele. Desespero promete ir ao lorde UNO, também conhecido como DESTINO resgatar Delírio das garras do limbo. Foi assim que nasceram os perpétuos na aurora do tempo.

Rodrigo Lima

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E aí, gostaram? Se sim comentem que me animo a dar continuidade a história!



sábado, 1 de setembro de 2012

Meu Livro

Pessoal estou escrevendo meu primeiro livro, estou muito feliz, pois dessa vez acho que concluo. O nome dele será (talvez mude) "Alfa e Ômega". Vou deixar para vocês um trechinho do primeiro capítulo (A Fundação) ... Ainda está em material bruto e sem revisão, mas já dá para ter uma idéia. Por favor, comentem!

Capítulo 1 - A Fundação

    Há incontáveis eras, um grupo de anciões, vitoriosos de batalhas anteriores, decidiram criar uma nova existência, pois se esgotaram as possibilidades e o mundo se tornou previsivelmente insuportável e tedioso. Além disso, em sua sabedoria acreditavam que, como antes, seria necessária uma renovação, bem como o desapego, aos resquícios e memórias do passado. A estes senhores, de nomes impronunciáveis com nossas gargantas primitivas, chamaremos de Arcontes da Alma, os famigerados Pais Arquetípicos, conhecidos na mitologia judaica como Elohim. Dentre estes senhores havia um que se destacava, por seu amor e justiça, sendo a expressão exata do Elevado, aquele que conheceu a primeira criação de todas as criações. Valente guerreiro e pai amoroso. O Verbo e Senhor dos 24 Arcontes d'alma.
    Sentados, em seus tronos, conversavam e planejavam os eventos que seriam vividos na nova origem. O lugar onde estavam era de beleza única e com uma atmosfera de poder e glória jamais imaginada por mortais, como eu e você. Um lugar que assusta e atemoriza qualquer criatura, impondo respeito aos seres das alturas, ou dos mais baixos abismos. Todavia existia um lugar de maior significado e peso, um lugar inviolável, o santíssimo lugar, a morada do Eterno. Apenas o Verbo poderia adentrar neste ambiente e o fazia somente em ocasiões únicas, em importância e necessidade. Ali residia o Misterium Tremendum que nenhuma criatura ou Elohi poderia conhecer e compreender em sua plenitude, apenas o Elevado e seu unigênito comungavam daquele lugar. Uma casa, uma casa de carne, pois diziam que era o cordis ou o útero da criação. 

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