O Senhor aperfeiçoará o que me concerne. (Sl 138.8.)
Há no sofrimento um mistério divino, sim, um poder estranho e
sobrenatural, que nunca foi penetrado pela razão humana. Não há alma que
não tenha conhecido grande santidade, que também não tenha passado por
grande sofrimento. Quando a alma chega ao ponto calmo e doce de não
abrigar preocupações, quando ela pode ter no íntimo um olhar suave para
com a própria dor e nem sequer pede a Deus para livrá-la do sofrimento,
então o sofrimento já cumpriu seu bendito ministério; então a paciência
concluiu sua obra perfeita; então a crucificação começa a transformar-se
em coroa. É neste estado de maturidade no sofrimento que o
Espírito Santo opera muitas coisas maravilhosas em nossa alma. Em tais
condições, todo o nosso ser está inteiramente quieto sob a mão de Deus:
cada faculdade da mente, da vontade e do coração está finalmente
subjugada. Uma quietude vinda da eternidade ocupa todo o ser;
a língua se aquieta e tem poucas palavras a dizer, ela pára de fazer
perguntas a Deus, pára de clamar: "Por que te esqueceste de mim?" A
imaginação pára de construir castelos na areia ou de voar para rumos
vãos, a razão fica mansa e dócil, as escolhas próprias são deixadas, a
alma não deseja outra coisa senão o propósito de Deus. Nossa afeição se
desliga de toda criatura e de todas as coisas; ela fica tão entregue a
Deus, que nada pode ferir nosso coração, nada pode ofendê-lo, nada pode
detê-la, nada pode atravessar-se em seu caminho; pois sejam quais forem
as circunstâncias, o ser está buscando só a Deus e a Sua vontade. Ele
sabe com certeza que Deus está fazendo com que todas as coisas no
universo, boas ou más, passadas ou presentes, contribuam juntamente para
o seu bem. Que felicidade é estarmos inteiramente subjugados! Perdermos a nossa própria força, e sabedoria, e planos e desejos, e
estarmos onde todos os átomos da nossa natureza são como o plácido mar
da Galiléia sob os onipotentes pés de Jesus. — Soul Food
Nenhum comentário:
Postar um comentário